quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Máscaras - por Augusto dos Anjos

Eu sei que há muito pranto na existência
Dores que ferem corações de pedra,
E onde a vida borbulha e o sangue medra,
Aí existe a mágoa em sua essência.
No delírio, porém, da febre ardente
Da ventura fugaz e transitória
O peito rompe a capa tormentória
Para sorrindo palpitar contente.
Assim a turba inconsciente passa,
Muitos que esgotam do prazer a taça
Sentem no peito a dor indefinida.
E entre a mágoa que a másc'ra eterna apouca
A Humanidade ri-se e ri-se louca
No carnaval intérmino da vida.

3 comentários:

Cristina Casagrande disse...

"Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho.
Já tinha envelhecido"

(Tabacaria, Fernando Pessoa - Álvaro de Campos)

Joanna de Assis disse...

E Tabacaria é tudo de bom, né?

Anônimo disse...

Legal...