domingo, 30 de novembro de 2008

Direto do Chile...


Como muitos já sabem, estou no Chile, cobrindo a seleção sub20 feminina. Para ser mais exata, em Temuco, cidade charmosa e fria ao Sul do país. Temuco é cheia de morangos e de histórias. Uma delas divido já com vocês. Temuco é a terra do poeta Pablo Neruda.
Fomos até o museu ferroviário que leva seu nome. Ferroviário? Sim, ferroviário. O pai de Neruda trabalhava com trens, o que por muito tempo foi o forte da cidade...
Como gosto muito de Neruda, aqui vai um poema. Em homenagem as meninas do Brasil, que prometem poesia dentro de campo diante da Alemanha nesta segunda-feira...
Vai, Brasil!

Antes de Amar-te...

Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Paz de poeira

Sabe aqueles dias em que a paz não lhe dá sossego?
O silêncio é tão grande que chega a fazer barulho no corredor.
E se não há sons, a gente inventa.
Se não há problemas, a gente cria alguma dor.

Navegar em águas calmas é tão inquietante às vezes.
É preciso marolar.
Tranquilidade é um mal que me consome muito rapidamente.
Não faço yoga nem meditação
Eu gosto de confusão.

Tenho a sensação de que tudo está perdido
Mas aí o medo faz a gente viver mais atento
Paz é como uma picadinha de preguiça
E eu não consigo viver neste ritmo muito lento

Eu gosto da paz, calma.
Eu quero água fresca e sombra de amendoeira
Mas só de vez em quando
Porque por enquanto
Eu quero sacodir a poeira.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Apenas dois versos

Se eu não somo, eu sumo.
Afinal, estou despedaçada.
Sem o asilo, sem seu zelo
Ainda tenho nós no cabelo!
E minha estrada está esburacada.

Se eu me dano, dane-se.
Eu ri na sua comédia
Agora choro com o meu drama.