terça-feira, 31 de março de 2009

Ele simplesmente não está a fim de você

Eu sei que sou uma pessoa difícil. Sou ocupada, enrolada, estressada e inacessível em muitas ocasiões. Esqueço das unhas e de almoçar para trabalhar. Não reclamo disso, eu gosto. Tenho amigas que são meus pedaços... Sem elas não vivo. Meus pais me cobram atenção. Ao meu cachorro, só resta chorar com o focinho no portão...

Mesmo com tantas coisas para fazer no meu dia, como é que eu esqueço de dar bola para o meu difícil coração? Se tem uma coisa que eu aprendi é que quando a gente gosta, a gente dá um jeito. E eu, às vezes, mesmo querendo muito... não consigo ser malandra o suficiente.

Mas eu quero falar de outra coisa. Não podemos confundir pessoas ocupadas e solitárias com pessoas que simplesmente NÃO ESTÃO AFIM. Falo isso porque eu sei bem o que é ter pouco tempo para as coisas boas da vida. Agora mesmo. Hoje é terça, é quase meia-noite e eu ainda estou trabalhando. Só parei porque ouvi um relato de uma querida amiga e me estressei. Aqui é a minha fonte do desabafo.

Tenho uma amiga que está apaixonadíssima.... por um idiota! É um cara que ela já gosta há um ano, mas nunca deu certo. Eles tentaram milhares de vezes, mas ela, sem paciência com suas inúmeras vaciladas, mandava ele para o quinto dos infernos. No milésimo reencontro, ele a pediu em namoro. Disse que havia mudado, que queria tentar de verdade. Ela acreditou. Aceitou. Ficou feliz por dois dias. E ele... voltou a ser o mesmo cara complicado de sempre. Diz que gosta de ser sozinho e que não sente falta nem da mãe dele. Um poço de sensibilidade.

Por mais que os homens gostem de entrar na caverna de vez em quando, ou no cantinho da reflexão, uma coisa é certa. Quando eles gostam, mas gostam mesmo de alguém, eles fazem acontecer. Então, cara amiga... Pare de tapar o sol com a peneira. Ele simplesmente não está a fim de você.

O cara combina de te ver e esquece?
Fala que está cansado?
Diz que dormiu e perdeu a hora?
Acorda, amiga. Ele simplesmente não está a fim de você.

Observe este diálogo.

Mari: Eu já estou chegando em São Paulo, Fê.
Felipe: Tá, quando você chegar em casa você me liga.
Mari: Mas você vai dormir... já são 23h. Levanta! Hoje é sábado! Eu estou chegando!
Felipe: Quando você chegar em casa me liga.
MEIA HORA DEPOIS
Mari: Já estou na marginal.
Felipe: Quando você chegar na sua casa você me liga.
QUINZE MINUTOS DEPOIS
Mari: Cheguei!
Felipe: Tá.
Mari: Você vai vir aqui?
Felipe: Não, não estou afim. Estou cansado e vou dormir.

É mole? Detalhe: Eles namoram há um mês e ela, coitada, promotora de eventos, correu que nem uma cachorra para chegar cedo em São Paulo. Estava em Campinas trabalhando... Mas não via a hora de cair nos braços dessa alma preguiçosa aí.

'ah, eu to cansado!'

Quando uma mulher dá uma justificativa dessas, até pode ser verdade. As vezes a gente não quer sair cansada, com olheira e com as unhas carcomidas... hehehe. Agora, com homem minha amiga, a coisa é simples e objetiva. Se eles realmente querem, eles fazem, passam a noite em claro se necessário. Quando é importante, nada mais importa.

Se ele vem com aquele papo de "eu quero mudar, só não sei se consigo", poxa vida... Se ele dizesse que quer mudar e só precisa de um tempo já seria para você duvidar. Essa desculpinha então, é de matar. Sabe o que vai acontecer? Ele vai dizer para você depois que sempre avisou que era chato, de difícil trato e sempre foi honesto com você. O pior da história? É que você não poderá nem argumentar. Foi idiota porque quis.

Homens difíceis... mulheres difíceis.... É óbvio que o amor não é fácil. É complicadíssimo ajustar duas almas com gostos diferentes, visões de vidas opostas muitas vezes. De certa maneira, o que é difícil nos fascina, nos motiva, alimenta esse bicho safado que é a paixão. Mas tem de haver um limite.

Eu tento ser compreensiva. Juro. Toda vez que uma amiga chora as morangas por causa de um cara, eu juro que, no primeiro momento, eu defendo ele, até porque eu sei que nós somos dramáticas. Eu procuro ver se não existe um ruído na comunicação. As pessoas são diferentes e reagem de maneiras distintas aos estímulos que a vida nos dá.

Tem um homem que se diz namorado de uma amiga minha e some por dias. Não liga. E pior... nas poucas vezes que ela tentou ligar, ele atende como se estivesse falando com o mecânico. É patético. Ela sofre. E o pior... Ela é maravilhosa e tem pelo menos uns cinco caras em cima dela. Mas não. Ela fica pensando no idiota que mal atende o telefone. E quando ele finalmente resolve dar o ar de sua desgraça, sabe o que ele diz? "Ah, linda... não liguei porque não queria te incomodar".
Ô, querido. Desde quando demonstração de amor é incômodo? Olha, arruma uma desculpa melhor para o sumiço porque ela já não está caindo mais nessa, não...

Nós odiamos falsas promessas. Se não vai ligar, não diga que vai. Se não quer namorar, não peça. Se não ama, não diga só para impressionar. Um dia isso tudo irá se voltar contra você. E não me venha dizer que você é indeciso, porque você não é. Você sabe muito o que sente. O problema é que não consegue admitir que a pessoa tente ser feliz com outra. E aí... é um egoísmo que não vale a pena nem conversar a respeito.

Eu sofro pelas minhas amigas. Sofro também por todas as mentiras que eu já ouvi. Tenho tanto amigo homem que meu nível de testosterona é alto, conheço bem as desculpas que cada um gosta de dar. E pelo o que eu vejo... Os personagens mudam e a história se mantém a mesma. Ele simplesmente não está a fim de você. E você? Vai aguentar isso até quando?

sábado, 28 de março de 2009

The one?

Na língua inglesa, quando alguém encontra o amor de sua vida, este logo é chamado de 'the one'. O único, aquele que importa, o número um mesmo. Mas se depois de tantas quedas, a tal da pessoa especial recebe o nome de UM, os outros que passaram pela nossa estrada amorosa são o quê?
Segundo uma amiga querida, são os zeros. Sim, podem ser muitos...
São as pessoas que nos preparam para o amor. Por vezes a confundimos com a nossa "the chosen person", mas não. Nesses momentos, somos escolhidos. Precisamos dessas experiências para poder fazer o nosso "the one" feliz. E a nós mesmos também, claro.
O amor só é bom quando as duas pessoas estão prontas para isso e dispostas. Não adianta só querer que dê certo... É questão de conseguir, e nem sempre a gente consegue. Se tem uma coisa que eu aprendi é que só amor não resolve. Já amei muito, já fui amada... E repito: não adianta. O amor se transforma em experiência. Em páginas. Em lágrimas. Em história.
Depois de muitos zeros, você começa a surtar... Chega a pensar que o seu "one" ficou para trás, no meio de alguns zeros à esquerda.
Eu não desisto do amor. Sei que uma hora ou outra, esse tal do "the one" vai aparecer e chacoalhar tudo. Se tiver de vir do passado, estarei de braços abertos. Se estiver escondido em alguma nuvem do meu futuro, vou esperar pacientemente pela tempestade.
Amar alguém sozinho não dá mais. Ser amada e não sentir choquinho também não completa. É preciso que o renasça a cada dia. Mesmo que as borboletas no estômago sosseguem, a lembrança da alta voltagem que a paixão tem no começo ajuda a manter acesa a chama do relacionamento...
Como diria Rubem Alves... O que se ama é uma cena. Se você parar para pensar, você vai descobrir que cena fez você se apaixonar por alguém.
E não se assuste - Isso pode ser bem bizarro. Tem gente que se apaixonou ao ver a tal da pessoa contar uma história... se sujar toda com molho shoyo ao molhar o seu sashimi ou, até mesmo, tentar esconder as lágrimas em um filme bobo, mas de final triste. Tudo isso pode virar A cena. E é justamente esta memória que faz com que o choque dê o ar de sua graça de quando em quando... Se o amor é a plantinha que nossas mães nos contaram certa vez, a lembrança da cena é nossa maneira de regá-la.
Não se preocupe. Você vai saber. E será assustador. A gente passa a vida toda fazendo planos, pensando no que fazer... E de repente, seu futuro aparece claro na sua frente. Isso é maravilhoso, mas é atordoante também. Por isso que eu disse tantas vezes que é preciso estar preparado para este choque maravilhoso de realidade.
Então... não pule etapas. Passe pelas pontes que o coração precisa. E não apenas as de safena... hahaha. Vá fundo em todos os zeros... Mesmo que eles pareçam os únicos.
O importante é ser importante para alguém.
É ter muitas cenas para lembrar.
E poucas páginas escritas para se apagar.

terça-feira, 10 de março de 2009

A fé é sempre fenomenal...

Texto publicado na revista Placar de fevereiro*

Eu acredito em Ronaldo

Enquanto seus companheiros no Corinthians se esbaldam com guloseimas nas refeições, Ronaldo é obrigado a se controlar. Bolo? Nem pensar. Na hora da ceia por exemplo, ele apanha apenas duas bolachas de água e sal.

"Eu corro, corro e corro e fico morto. Aí, passam os moleques e nem estão suando. Fico p...", diz o fenômeno. Para voltar a ser o centroavante de sempre, ele está correndo em dobro. E confiante. Até Ronaldo tem saudades dos bons tempos. Em seu computador, quarda uma foto de quando era considerado um touro, com barriga tanquinho. "Olha como eu estava em forma...Essa aí você pode espalhar por aí", diz. Ele também não fica feliz quando é flagrado sem camisa, com uma forma que nem de longe lembra os tempos de fenônemo. Está mordido. Pelos menos diz estar.

Para aqueles que temem que o Corinthians jogue em função de seu estado físico(graças aos joelhos operados e aos quilinhos a mais), ele avisa. "Não vou precisar mudar minha maneira de jogar. Estou treinando muito e vou ficar bem. Todos vão admirar depois". Ronaldo diz que o melhor dos mundos é voltar a forma de 2002. Mas acredia que, no mínimo, poderá jogar como em 2006. Menos veloz, é verdade. Pesadão. Com dores. Ele estava assim na Alemanha. Capaz de marca três gols em cinco jogos.

O começo de trabalho no Corinthians foi excelente: treinou direto por 15 dias e não perdeu uma atividade sequer por dores ou coisa assim. A comissão técnica do Timão segura o craque. Se fosse apenas pela vontade dele, estaria correndo até mais. Só participou de três treinos com bola em toda a pré-temporada no interior paulista.

Ele nunca se cansou da bola - mas já não tem tanta paciência para lidar com o que cerca a rotina de uma astro fora de campo. Ronaldo diz que só queria ser tratado como uma pessoa normal e se queixa do volume do noticiário sobre ele. Mas uma pessoa normal não é capaz de atrair patriocinadores para o calção, a manga e as meias de um uniforme de futebol... Ele é um astro. Mas no elenco não há essa bajulação toda que se pensa por parte dos jogadores em relação a ele.

Ronaldo parece ter conquistado os colegas com seu jeitão engraçado no dia-a-dia. já fala "mano" e "Isso aqui é Curinthiá". Com um sorriso diferente (ele arrumou os famosos dentes tortos que faziam a festa dos humoristas), Ronaldo diz estar adorando a experiência de ser corintiano. Que tudo o que queria agora é se amado por uma torcida grande e apaixonada. Um "bando de loucos", como gosta de dizer o jogador, em referência ao famoso bordão da torcida alvinegra. "Minha apresentação no Brasil foi emocionante! Parecia a Europa", diz. Houve a geração Zico. sou da geração Ronaldo. Desde que ele era um moleque magrelo, no banco da seleção tetracampeã. Acredito nele.

Confusões no porta-retrato

Amo a sua figura estática
Parada, sem respirar
Eternizei você em mim
E sendo assim
Não tenho de me preocupar
Como o dia que isso tudo acabar.

Amo porque eu amo. E ponto. E final.
Não tem explicação
Eu gosto das tuas mãos
Mas dou falta das suas palavras
E eu sinto tantas coisas e não falo
É porque quando te vejo, me calo.

A tua imagem é qualquer coisa
Que eu gravei não só nos meus pensamentos
Mas também dentro da alma
O meu amor me acalma
Ele não precisa de argumentações
Mas sobram dentro de mim preocupações.

Quem ama deve aprender uma lição
Não se cobra amor nem atenção
O que se ama é o amor
O resto é representação
E por isso mesmo é que é sublime
E faz doer menos uma separação.

terça-feira, 3 de março de 2009

Medo da tomada

Toda mãe já alertou: cuidado com a tomada! Mas de que adianta o alerta? Parece que quanto mais ela grita, pede, se descabela, mais os filhos sentem vontade de enfiar a mão no buraquinho. Resultado? Choque. Dor. Susto. Conclusão? É, ela tinha razão. Mas você não faria diferente.

Iria colocar o dedo na tomada só pode desacato. Para poder dizer com propriedade, ainda com a ponta do indicador dormente, que agora você sabe que lá você não se mete mais. É um ponto de sabedoria agora. 'Eu sei que a tomada dá choque, eu senti'. Somos todos aspirantes a São Tomé. E isso é um problema danado.

A tomada aqui é uma metáfora que todo mundo já viveu trocentas vezes. Eu já enfiei a mão em tanta tomada, vocês não imaginam. Algumas vezes a bendita falhou: não tomei uma descarga elétrica como previsto. Já em outras oportunidades, a dor chegou até no pâncreas.

Isso vale para tudo na vida. Nosso caminho é repleto de tomadas. Grandes, perigosas, chamativas. Invariavelmente, nos sentimos atraídos por elas. São misteriosas. Não importam o que digam. Enquanto você mesmo não comprovar que ela não faz bem, o sossego não vem. Não adianta aconselhar o vizinho. Ele tem sua própria tomada. O exemplo da sua não fará a menor diferença.

Sabe aquele papo de velho? "Ah, se eu tivesse a sabedoria de hoje com os meus 20 anos...". Isso é impossível. IMPOSSÍVEL. Com 20 anos, você não passou nem por 1% das tomadas previstas da vida. E não tem solução. O choque é necessário. Nas tomadas do trabalho, do amor, da família, da amizade... Dos erros que cometemos e iremos cometer. Das falhas. Elas simplesmente não nos deixam em paz.

É por essas e outras que dizem que conselho não se dá, se vende. Se fosse bom mesmo, óbvio que o serviço deveria ser cobrado. Tudo o que é de graça não tem valor, literalmente. Se não doer no bolso, ou no dedo, não vale. Então, dá-lhe mais uma tomada para eu acordar para a minha vida.

Estou olhando as paredes do meu escritório. Tem exatamente 5 tomadas. Será que ainda me resta alguma lição a aprender enquanto escrevo este post? Não sei. Só sei que, doendo ou não, vou continuar levando meus choques. Deixem todas as minhas tomadas em paz... Uma hora eu canso dessa dor e paro com essa vida cheia de eletricidade. Ou mudo a voltagem. Ou espero aprender a lição antes que o dedo vire cinzas.