terça-feira, 15 de julho de 2008

Convencionaram a convenção...

No meio de um papo sem pé nem cabeça com uma amiga minha surgiu essa palavra: convenção. Nós vivemos em um mundo cheio delas. Pare para pensar. Quantas coisas você já fez e deixou de fazer também por causa de uma convenção?

Convenção, segundo o Aurélio: Padrão de comportamento observado por hábito e não porque se acredite no significado que tradicionalmente lhe é atribuído. Hum, interessante.

Exemplo: hoje é sábado e você não vai sair?
Por que o espanto, ó cara pálida? Quer dizer que só porque hoje é sábado, geralmente as pessoas não trabalham e amanhã é domingo eu tenho que me montar inteira e cair na noite? É isso? Convencionaram que o dia de sair é sábado e pronto. Tenho que virar ovelha e seguir o rebanho.

Exemplo 2: Mulher não entende de futebol

Exemplo 3: Cozinhar é coisa de mulher

Exemplo 4: Mulher que não dá, voa. (Essa eu odeio muito)

Exemplo 5: Mulher tem que ser magra, alta e peituda, de preferência.

Exemplo 6: Mulher tem que casar, ter filhos, comer brócolis e saber passar uma camisa de linho. Tem que saber também que margarina derretida vira gordura trans.

Olhem bem. Quantas convenções machistas!
Será que convém? A quem?

Na minha opinião, convenções são ilusões. Assim como a chamada verdade absoluta, que só existe na cabeça de quem a cria. É como o prato típico de um país: cada um tem o seu.
Há quem siga o palpite do vizinho, há quem formule seu próprio caminho, mas convenção soa como obrigação. A Constituição seria uma convenção? Apesar de não ter sido baseada em hábitos, ela foi escrita para criar inclinações de conduta, pelo menos.

Convenção é preconceito, como os exemplos que eu citei acima. Sim, eu sei. A maioria dos meus exemplos foi em defesa das mulheres. Mas calma aí. Existem convenções que prejudicam a classe masculina também, obviamente.

Homem que não gosta de futebol é frutinha?
Todos são-paulino é viado?
Todo corintiano é pobre?
Homem não chora?
Homem não pode saber bater um bolo?
Homem tem que ter pelo debaixo do braço?
Homem não pode ver novela?
Homem que é homem não sabe a diferença, a sutil diferença, entre marcas de amaciante de roupa?

Convenção é aprisionar suas opções. É colocar cadeado nas vontades, afinal de contas... Elas não podem remar contra a maré do que foi combinado, convencionado, estipulado.

Na ciência, há milhares de paradigmas que assumem status de 'verdade'. E aí, quando algum gênio aparece para contraverter a ordem das coisas, rompendo o modelo já conhecido, é jogado ao fogo. Na convenção da ciência, da religião, da opção sexual... não cabe ser diferente de ninguém. Somos todos manequins equivalentes.

A própria filosofia é colocada em xeque. Verdade ou ilusão? Verdade ou convenção? Para Nietzsche, a verdade, por ser estabelecida por uma convenção, não existe em si. Neste processo, existem forças atuantes, como relações de poder, que formatam o padrão de comportamento moral, por exemplo.

Enfim, a verdade não existe e a convenção é sua filha bastarda. Ou seja, não deve ser levada a sério.

E é por isso que eu nao como feijoada às quartas-feiras, vou ao cinema nas tardes de segunda, começo a dieta somente na quinta e, no sábado à noite, durmo cedo para acordar bem no domingo e assistir à Fórmula 1.



19 comentários:

Anônimo disse...

Oi Joanna,

Estou lendo aqui as suas convenções, e estou vendo que não me encaixo em muitas delas.
Raramente saio de sábado a noite, amo mulher que goste de futebol, pra mim a mulher ideal é aquela que eu gosto e não precisa ser alta, magra e peituda. Não sei bater um bolo, ou cozinhar, porque eu não sei, mas adoraria.
Incrível quando muitas vezes quando não fazemos algo que outros fazem, ou fazemos algo que ninguém faz causa um espanto tremendo.
Por exemplo, talvez eu seja uma das únicas pessoas que eu conheço que vai ao cinema sozinho e quando eu falo isso o espanto é geral...rs
Então vamos viver da forma que queremos viver sem ligar para as Convenções.
Porque pra mim Convenção é refrigerante, e Tubaína de preferência.

Beijos

Junior

Anônimo disse...

Convenção lembra convencional.
Convencional é algo que fazemos costumeiramente, mas peraí!! É sempre bom sairmos do lugar comum e extravasarmos algumas vezes, ou fazer algo que dizem não ser para mulheres ou homens.
Mulheres que curtem futebol é o máximo, assim como bater um bolo é muito bom, ainda mais quando uma mulher irá saboreá-lo.
Enfim, tudo que tem muita regra se torna chato e pragmático.
Como dizia o bom e velho Raulzito: "Prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter uma velha opinião formada sobre tudo"
Abração

Léo Gomide

Anônimo disse...

Querida amiga, entre convenções e convenções, tem jogo amanhã no Canindé. Aparece lá, tá???
Vais provar o indefectível bolinho de VACALHAU do seu Antonio.
Tudo por minha conta....rsssss
bj do jota

Anônimo disse...

Olá,
Conheci seu blog através do grande Jota, numa (mais uma) bela indicação do blog dele.
Gostei muito deste texto e, confesso, vc disse muitas coisas que há tempos penso, mas ainda não havia conseguido uma folga para escrever sobre. Uma delas - a que mais me incomoda e que está prestes a ter linhas escritas - é a que diz que quem não sente ciúmes é porque não ama verdadeiramente outra pessoa.
Parabéns pelos textos!
Um abraço,
Joao Luis Amaral
mickeyamaral.blog.terra.com.br

Anônimo disse...

Jô,
quero me livrar das convenções..
há coisa mais chata do que fazer coisas programadas com horário certo pra iniciar e terminar?

Aliás, outras coisas que são convenção burra: pq quando mulher fala de sexo abertamente sempre tem alguém que acha que ela não deve falar, pq vão achar que ela não é séria? ESSE é meu karma... já tomei tantas "broncas" de pessoas, LEIA-SE mulheres, que acham que eu me exponho demais sendo assim?

Ah, podre delas que morrem de vontade de falar e não tem coragem!

Ufa! Foi um desabafo!!! hahah
Beijo, Jojo.. te adoro!
July

Jota disse...

si vc viver em bs as poderiamos assistir juntos ao cinema nas segundas-feiras, porque eu tambem nao trabalho nas segundas...
é o problema dos jornalistas, nao temos férias os dias convençoais

(com meu pobre portugues, sim...)

Ivy Farias disse...

Eu tenho dois amigos corintianos que são trilhardários. E um deles ainda faz parte da Gaviões da Fiel.

Cristina Casagrande disse...

É, foi bem baseado em expressões "clovísticas" aquele título.

Eu acredito em verdade. Mas não discordo de vc, isso fica para alguma discussão filosófica num bar da vida
(não necessariamente em um sábado)

Unknown disse...

ola joanna nunca tinha parado pra pensar nisso...
muito bom texto joanna parabens!!!
adoro seu blog ... teeente arrumar um tempinho a mais para o blog joanna.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

ola joanna nunca tinha parado pra pensar nisso...
muito bom texto joanna parabens!!!
adoro seu blog ... teeente arrumar um tempinho a mais para o blog joanna.

Marcio André disse...

Simplesmente Maravilhoso!

Um tema altamente pertinente. Fora isso, o texto está ótimo!

Consegue ser simples, sem ser fraco. Interessante, sem ser chato. Conciso, sem ser curto.

Parabéns menina...

Sua forma de escrever está longe de ser convencional.

Ah, e só pra constar, sou são-paulino, não sou viado e adoro cozinhar.

Marcio André!

Rogério/Ruy disse...

Post bacana, Joanna. Acho que o Nietzsche dizia algo como "não há fatos, o que há são interpretações". Agora, existem verdades que não são pura "construção" cultural, social etc., né? Por exemplo -as pessoas morrem de fato, não porque se convencionou que é assim. :) E também penso que a ciência lida bem com aquele status de "verdade provisória": "Este é o modelo que temos para explicar a origem do Universo até que apareça outro melhor". O problema está em quem adota essas verdades sujeitas a retificação como dogmas religiosos, mas, se a gente entrar nessa seara, a discussão vai longe.

(Ufa, acho que me empolguei e o comentário ficou meio longo. :) Um abraço!)

Rogério/Ruy disse...

(Ah, P.S.: sou são-paulino, não sou viado e curto ir ao cinema de tarde no meio da semana, hehe. :))

Magnifiscent7 disse...

Vamos ver as convenções que vc listou e em quais eu me enquadro:

Homem que não gosta de futebol é frutinha?
GOSTO DE FUTEBOL ENTAO NAO SE APLICA

Todos são-paulino é viado?
NAO SOU SAO PAULINO. RS..

Todo corintiano é pobre?
SE SE PODE EXTENDER A UM FLAMENGUISTA A AFIRMATIVA, ENTAO NAO.

Homem não chora?
CHORO MENOS DO QUE GOSTARIA.

Homem não pode saber bater um bolo?
BOLO NAO SEI MESMO, MAS FACO UM MANJAR DELICIOSO.

Homem tem que ter pelo debaixo do braço?
ER... EU TENHO.

Homem não pode ver novela?
AS DO MANOEL CARLOS EU SEMPRE VEJO (JUSTO AS DELE QUE SAO AS MAIS CLICHEZUDAS). E A ULTIMA DAS 8 EU TB ASSISTI.

Homem que é homem não sabe a diferença, a sutil diferença, entre marcas de amaciante de roupa?
AH ISSO EU SEI PQ LAVO AS MINHAS!!!

Beijos!!!

Unknown disse...

Querido Joseph,
Acho que você não entendeu nada do que eu escrevi.
Eu não disse em nenhum momento que são-paulino é viado, nem que corintiano é pobre. Eu me referia às piadas que os dois tipos de torcedores são obrigados a ouvir, porque foram estereotipados. Não por mim, nem pela imprensa, mas por vcs mesmos.
Da próxima vez, leia duas vezes.
Abraço!

Emerson disse...

Joanna, que legal o seu blog, adorei esse texto das convenções e concordo com você, agora sempre que puder vou dar uma passadinha por aqui e ler os seus posts. Ah, sou seu fã. Beijos.

Unknown disse...

Olá,gostaria de saber em qual faculdade você se formou, pois pretendo seguir na área de Jornalismo esportivo, e gostaria de referências de alguma faculdade.
Se possível retonar, obrigada.

Joanna de Assis disse...

Olá, Mari
Eu fiz Cásper Líbero!
Beijo.