Dizem que se o coração não doer, não é amor.
Se você não sufocar toda vez que pensar em perder a pessoa que gosta, pode ser qualquer coisa, até uma coceira, mas não é paixão de verdade.
É o que dizem.
Já reparou o quanto era fácil ter um amor de verdade no século passado? Até amor impossível era possível. E dentro desta relação apaixonada de antigamente, não cabia desconfiança, traições... Era tudo perfeito, mesmo que fosse difícil, doído. O amor superava todo e qualquer problema, e sobrevivia feliz da vida em uma casinha de sapê.
Hoje em dia não tem como isso acontecer. As pessoas desistem de relacionamentos pelos mais variados motivos. Carreira, distância, gostos musicais, gastronômicos, futebolísticos, políticos, sexuais...
Além de quase tudo parecer uma barreira para um namoro dar certo, a gente pensa “ah, não deu certo? Daqui a pouco aparece outra pessoa”. Será tão fácil assim? Até quando esta rotatividade existirá?
Todo mundo tem medo de se envolver, de se entregar, de cair de cabeça. Por isso que os relacionamentos morrem cedo e caem na vala dos amores mal amados e mal vividos. Vira lixo emocional.
Você luta tanto para não gostar de alguém. Tenta a qualquer custo evitar sofrimento no futuro. Porque quando você percebe que ama, você percebe também que está inevitavelmente fadado a sofrer.
Sofrer faz parte do amor. É uma dor maravilhosa, viciante em alguns casos. Só não pode virar hábito. Aí é necessário tomar cuidado porque amar não é sofrer o tempo todo, não é chorar todo dia, não é perder o respeito por si mesmo. Amor não pode ser querer o inatingível. Amor não pode ser somente a conquista. Amor é arroz e feijão, é dia a dia, é rotina boa, é café com canela.
Penso nisso e ouso a contrariar o poeta. Amor arde, sim, mas não é invisível essa fogueira.
A ferida que dói a gente sempre sente.
O descontentamento é um contentamento.
Porque amor dói. É o que dizem.
Essa dor maravilhosa que as pessoas preferem esquecer.
"Não estamos bem, mas vamos ficar"
Há 9 anos