domingo, 15 de abril de 2007

CONFESSO QUE VIVI

EU DEI BOLA PARA UM JOGADOR!

Calma aí, mentes apressadas. O título do blog se refere à atividade inusitada que eu desempenhei neste sábado, durante a primeira partida das semifinais do Paulistão 2007. A fim de evitar problemas nesta fase da competição, a Federação Paulista de Futebol resolveu escalar mulheres para atuar como gandula. E eu fui uma delas, afinal, não basta ser repórter, tem que participar.

A primeira etapa da jornada-gandula foi um treinamento no Pacaembu, local da partida.

Como você pode notar na foto ao lado, foi divertido. Eu brinquei muito e não vi dificuldade alguma no trabalho. Mas observando o desempendo de algumas das meninas, cheguei a ficar preocupada. Se confundiam com facilidade e corriam pouco. Quando voltei à sede da federação, o comentário de alguns funcionários era maldoso. Muitos ali não confiavam na capacidade delas. ( E da minha, será???!)

Eu pedi ao Coronel Marinho para ficar atrás do gol, em frente ao Tobogã. Queria ficar longe da torcida o máximo que pudesse, com medo de ouvir besteira. Fui advertida que ali era a posição que mais exige atenção e corrida e aceitei assim mesmo. Não sou maratonista, mas não tenho problemas para dar um pique básico.

Sábado, dia do jogo. Nos encontramos às 14h na sede da Federação Paulista. Lá provamos o uniforme e já saímos devidamente trajadas rumo ao Pacaembu. Foi uma sensação. Todo mundo queria ver as gandulas, era muito engraçado. No meu caso, fui sacaneada pelos colegas jornalistas, que tomaram um susto quando me viram ali com o uniforme da federação. Mas todo elogiaram a iniciativa.

No começo, até brincamos com a torcida. Eu agitava as meninas para saudar o pessoal da arquibancada, e fomos até que bem recebidas. Só um detalhe atrapalhou um pouco e eu nem havia reparado, mas os olhos atentos do torcedor santista não perdoaram: Usávamos um agasalho tricolor: calça preta, blusa vermelha e casaco branco... muitos santistas não deixaram passar a coincidência. E falando em uniforme, apesar da Federação ser patrocinada pela Topper, cada peça que usamos era de uma marca diferente. Foi fita isolante para tudo quanto é logo.

Tomei duas garrafas de isotônico porque o calor estava infernal e fomos para o vestiário fazer nossa “preleção”. Gandula também discute esquema tático, gente! Eu, por exemplo, fiquei na posição número 1, a única gandula que não tem ajuda extra de uma companheira. O resultado dessa escolha é que eu correria mais do que as outras, e sob o olhar atento do simpático Coronel Marinho.

Mas na hora do jogo mesmo, confesso que fiquei um pouco temerosa. A área de minha responsabilidade estava repleta de fios. Toda vez que eu ia correr, pensava que poderia tomar um tombo espetacular, que seria vaiado por um estádio lotado! Mas eu não caí, graças a Deus.


Em compensação, nem começou a partida e eu já percebi o quanto o gandula necessita da imparcialidade. O cidadão aí na foto acima é o Nilton, preparador de goleiros do Bragantino. Ele me infernizou para que eu entregasse a bola do jogo para ele treinar com o Felipe, arqueiro titular do Leão. Foi inconveniente, grosseiro e merece ser citado aqui. Olha a foto! Não preciso nem falar mais nada, não é mesmo? Gandula sofre... Se fosse um garoto contratado pelo time mandante, com certeza a bola da Federação já teria ido pro saco...
Fora isso, nada demais aconteceu comigo, mas algumas meninas foram ofendidas pelos jogadores. O zagueiro Antônio Carlos, por exemplo, xingou uma das meninas porque ela colobou a bola no lugar certo e não onde ele queria. Ah se tivesse sido comigo...

Uma outra gandula, que ficou na lateral do campo, fez uma grande besteira, que lhe rendeu “elogios” durante toda a partida. O Santos cobra falta e, com a bola já em jogo, ela lança uma outra para um jogador do Bragantino. Nenhum dos dois, nem ela nem o dito cujo, tinham visto que a partida já estava rolando normalmente. E dá-lhe vaia.

No primeiro tempo eu devo ter corrido atrás de umas oito bolas. No segundo nem isso. O ataque do Bragantino não estava tão inspirado e, de fato, eles estavam até satisfeitos com o empate. Como a pontaria não estava tão ruim, não precisei ir buscar a bola perto da torcida. Essa foto abaixo é culpa do fotógrago, MARCOS RIBOLI, que jogou de propósito a redondinha para longe, só para me fazer correr e ouvir umas "declarações de amor".




Como a minha posição era distante da arquibancada, se fui xingada não ouvi. E já que eu não fiz nenhuma lambança, não houve manifestações em massa. Saí ilesa e minha mãe foi poupada!

Fim de jogo! A participação das meninas super-poderosas foi um sucesso!
Nova reunião nos vestiários e o resultado? Fomos aprovadas!
Fomos rápidas e imparciais! O Artur Alves, nosso "treinador", até exagerou nos elogios.

- Vocês foram perfeitas e vão mudar os rumos do futebol. A partir de hoje fica a sugestão de que só deveriam ser utilizadas gandulas mulheres.
As meninas se encheram de orgulho e garantiram que não vão parar por aí. Cada uma recebeu o cachê de 50 reais, o uniforme que usaram e voltaram para casa cheias de vontade de fazer tudo aquilo novamente.

Quanto a mim, estou morrendo de dor na panturrilha! Mas valeu pela experiência. Foi bom “participar” do jogo. Mas no fim de semana que vem estarei do outro lado...




3 comentários:

Trika Lopes disse...

aehhhh JO, sei de mta coisa da sua vida. Compartilhamos alegrias e tristezas, mas essa de ser gandula eu não sabia, kkkkk

Qualquer dia arruma um trabalho desse pra eu sentir a panturrilha também, porque meu treino na academia nem adianta mta coisa,rs

Bjusssssss e ta show seu BLOG!

Anônimo disse...

Arrasou!!!!!
Mandou muito bem, adorei a matéria... é o GLOBOESPORTE.COM fazendo escola...
Bjs!

felipezk3 disse...

Olá Joanna. Aqui é o Felipe (ex-Terra). Muito bom seu texto. Você escreve muito bem, é muito talentosa!