sábado, 9 de maio de 2009

Desabafo...

Eu sempre tive muito, mas muito orgulho mesmo, da minha profissão.
Repórter.
Caí no esporte por acaso, mas foi uma paixão incontrolável. Estudei jornalismo na Cásper Libero, lá tinha A Gazeta Esportiva... E não é que deu certo?
O começo foi muito difícil. É complicado às vezes competir com colegas que nasceram praticamente chutando uma bola. Eu estava com as minhas bonecas nessa hora. Quando era criança, futebol pra mim era a seleção brasileira (Eu amava o Taffarel) e o meu time de coração. E só.
Depois fui passando a gostar do esporte como um todo. E, mesmo não sendo são-paulina, acordei de madrugada para ver os títulos mundiais do São Paulo. Lembro do 'olho roxo' do Zetti... rs.
O tempo passou. Passou rápido. Em 2009 completo 10 anos de profissão, de quadras e gramados. E percebo que, por mais que eu fale que não há diferenças entre homens e mulheres nessa área, tem uma coisa que não muda: o preconceito.
E, pasmem. Não estou falando de jogadores ou técnicos, não. É óbvio que, em 10 anos, já tomei cantada de jogador e tal, mas foram tão poucas e bobas que eu nem considero. Felizmente jamais faltaram com o respeito comigo. E mesmo quem me cantou, hoje me respeita e muito.
Sabe de onde vem o problema MESMO? Dos próprios colegas de trabalho. Se tem repórter que sai com jogador, eu não sei, não quero saber. Deve haver. Mas por que a mania de inventar tanta coisa pelo simples fato de eu ter nascido mulher?
É impressionante. Se eu faço uma entrevista com um jogador bacana, pronto, é porque estou saindo com ele. Se um técnico me liga para passar alguma informação, pronto, é porque estou saindo com ele também. Se eu fosse homem será que falariam alguma coisa? Provavelmente, não. Se eu fosse homem eu seria um bom repórter. Mas como sou MULHER, eu não sou,não tenho méritos. Aliás,tenho... mas aí seriam outros méritos... Afinal, eu só consigo as coisas porque tenho cabelo loiro e manequim 38. Não preciso de cérebro.
Desculpem o desabafo... É que estou meio farta disso. Já pensei em desistir tantas vezes.
Certa vez eu arremessei longe a minha toalha. Fui trabalhar em dois restaurantes. Passei um ano só escrevendo na Placar, por puro hobbie. Mas eu sempe acabo voltando... Porque paixão, é como eu falei. Provoca abstinência quando não é compensada.
O ser humano deveria aprender a respeitar o outros. Aprender a não falar sem saber. Aprender a conhecer as pessoas... Aprender que, sim, é possível ser mulher e boa repórter, meus amigos. É possível desenvolver fontes e amizade sem que eles queiram necessariamnte algo a mais. É possível. Sabe por quê? Porque o ser humano tem outras belezas que provavemente você, este tipo de pessoa que dissemina boatos sem sentido, não tem, infelizmente. Mas calma, ainda há tempo, você pode se tornar uma pessoa melhor, eu acredito. Faz que nem o Obama... YES, YOU CAN.
Outro dia eu dei uma entrevista para a prima de uma colega lá da Globo, a Amanda, que está fazendo um TCC sobre MULHERES NO ESPORTE. Na pergunta sobre preconceito, eu respondi que havia melhorado. Mas Amanda.... Acho que me enganei. Comigo pelo menos isso não muda.
Eu passei pelo menos uns 7 anos sem este tipo de problema. Agora, nos últimos três, um avalanche de fofoca, acusações, sacanagens... Que preguiça que eu tenho do ser humano.
Já chorei muito por causa disso... Mas eu aprendi que o mais importante é ter a consciência tranquila, e eu tenho. Fatos e boatos sempre existirão. Está na natureza de algumas pessoas. Mas o que vale, o que vale mesmo, é o que você pensa de você mesmo.
E por esse motivo que eu estou bem pra caramba....

17 comentários:

Blog do Torva disse...

A inveja mata. Existe mulher que sai com jogador, e a profissão dela é apenas um detalhe. Você é linda, poderosa, competente e isso causa uma inveja tremenda. Mas, você está certa, siga sua vida, deixe pessoas pequenas lá embaixo, bem longe de você.
Eu acho pior os avaliadores de pergunta, uns idiotas que adoram avaliar as questões dos outros.
É isso, seja feliz sempre, e faça o seu trabalho como achar melhor, e se alguém falar mal, é inveja, e inveja deixa as pessoas tão feias, e você é tão linda.

Ivy Farias disse...

Este é o preço que a gente paga por não ser surda... Infelizmente, ser alvo de fofocas não é privilégio de jornalista e sim de nós, mulheres. Quantas atrizes talentosas não tiveram que ouvir que ganharam um papel porque deram pro diretor ou o ator? Isto não é inveja, é o resquício do machismo burro, que sempre se manifesta tentando desmerecer qualquer MULHER COMPETENTE.

Rogério Bastos disse...

Ô Joanna...que chato, isso que vc está passando. O mais estranho é que pra quem está vendo o Sportv ou o Globo Esporte parece que está tudo bem. Acho que vc tem feito um grande trabalho e não deve nada a nenhum outro jornalista e ponto. Acabei de ver a vinheta do Brasileiro com vc cantando Sidney Magal...muito diverido! Acho que esse é o caminho, ter prazer no que faz e isso vc tem de sobra.

Trika Lopes disse...

JÔ, a competência incomoda!
Não será a primeira nem a ultima vez que ouvirá isso. Jamais deve se chatear com este tipo de coisa, pois os fracos amam pré-julgamentos. E vc é superior a td isso! Quem te conhece sabe exatamente quem vc é e essas opiniões é que de fato deve importar pra vc e não de terceiros, pessoas estranhas!
Bjus

Jones Rossi disse...

Joanna, me passa teu email? Quero conversar com você a respeito de um frila. jrossi@edglobo.com.br

Abraços.

D.Russo disse...

Jo,

Nao sou nenhum Filpo Nuñes, Tele Santana nem tampoco Felipao...
Mas sabe porque eles sao meus maiores idolos como treinadores?
Sabe o que eles tem incomum?
"O time deles nunca jogava a toalha; e se jogassem? estavam fora!".
o que aprendi com eles foi exatamente o que disse faça por amor sempre e jamais desista se voce quer aquele caneco corra atras dele mas corra sem olhar para tras, porque atrás de voce tem sempre alguem querendo ganhar no "tapetao".

espero que leia...
PS.: tem um cachecol do Barça sobrando na minha prateleira!

bjao

Magnifiscent7 disse...

Bah Joanna... adorei esse ai. Bem corajoso vindo de alguem que está onde está. Admiravel, de coração! Bj grande e quebra tudo!

Anônimo disse...

Olá, Joanna!!!
Meu nome é Renato Cirino e foi uma grata surpresa "cair" em seu blog. Acompanho vários blogueiros esportivos, como o Vitor Birner, Marcello Lima, Daniel Perrone... e foi através de um link em algum desses blogs que parei aqui.
Como já deve ter dado para notar, sou apaixonado por futebol e os seus textos, principalmente sobre o esporte bretão, me deliciaram.
É sempre bom ter mulheres trabalhando nesse "mundinho futebolístico" tão masculino. Inclusive, acho que as repórteres esportivas da Rádio Globo dão um show.
A partir de agora acompanharei seus posts.
O "olho roxo" do Zetti foi muito bom. Ele passava uma pomada para diminuir o reflexo do sol no Japão, se não me engano.
E peço que escreva mais sobre futebol.
Abraços.

Alguem disse...

Em primeiro lugar gostaria de dizer que concordo integralmente com suas palavras: Tal preconceito existe sim, nas mais diversas áreas e situações, e, de fato, é lastimável.

Entretanto, pra mim, duas coisas são bem claras: A primeira é que nada nessa vida vem sem esforço, sem dificuldades, sem provações. Tudo tem seu propósito e quem alcança algo facilmente, dificilmente prossegue e, geralmente, está sempre envolto em frustrações e sensações incompletas, tendo em vista que não houve um real mérito na conquista. O próprio ser humano tende a perder o senso de valorização das coisas quando elas surgem facilmente, por isso fica esta eterna sensação de vazio.

Já a segunda coisa é uma espécie de "fardo" que, particularmente, voce sempre vai carregar. Você é muito bonita ;) Isso causa e sempre vai causar inveja e raiva até, seja de homens ou de mulheres. Mais uma atitude lastimável, mas que nós, seres humanos imperfeitos, estamos sujeitos.

Enfim, siga adiante, não desista e, principalmente, não deixe de seguir seus sonhos e perseguir seus objetivos. Sempre haverá pessoas que tentarão te jogar pra baixo e fazer voce tropeçar, até mesmo desistir. Isso faz parte. Cada um tem suas pedras no caminho, alguns com pedras mais leves, outros com pedras mais pesadas, mas, nao se esqueça, tudo tem seu propósito. Independentemente do que acontecer, tenha a certeza que, amanha, nenhum arrependimento que voce possa ter seria maior do que o de voce ter desistido de um sonho.

Abraços e parabens por compor o elenco do ótimo Bem Amigos!

Unknown disse...

Oi, vi este seu post no De Primeira, vim dar uma comentada, de capricorniano para capricorniana...rs.

No Brasil vc fazer sucesso é crime, trapacear é troféu, entende? O negócio é enfiar a cara e não desistir por qualquer burburinho. Jornalismo não é uma escola para fazer amigos, e sim produzir conteúdo. Sim, tb escolhi esta maravilhosa área.

Se um dia vier a Curitiba a trabalho, espero que não tenha de lidar com tamanhas idiotices. Afinal, nada como um dia após o outro. Um abraço.

Thiago de Araújo - Gazeta do Povo/Ctba

Unknown disse...

Oi!
Sabe, isso acontece também em outras áreas, em tantos lugares... É difícil pra algumas pessoas entenderem que, sim, mulher pode ser competente e ter cérebro. Acredito que seu texto é muito oportuno para levantar essa bandeira, porque tem tantas mulheres que acabam se acostumando com essa situação...
Parabéns pela iniciativa!
Beijo grande

Unknown disse...

Me envergonha saber que homens ainda fazem isso. Mas não desista. Não se chega onde você chegou por acaso.

Boa sorte.

Bruno Rios disse...

Olá Joanna, passei pelo seu blog, estava fuçando a internet, e vi este post sobre o preconceito. Sou jornalista profissional há 1 ano e meio aqui em Santos e sei que há mtos comentários desse tipo no setor. Sei lá pq, mas é verdade que muita gente adora meter o bedelho na vida alheia e justifica suas fraquezas arranjando mentiras para os outros. Felizmente, não sofri com isso até agora nos meus dois trampos, mas espero ter a cabeça fria para encarar de frente quando fato semelhante vier a ocorrer. Nunca se sabe o dia de amanhã.
Para vc, eu só posso dizer: calma e força! Vc sai dessa numa boa, se é que já não saiu, afinal, faz um mês que tu postaste isso no blog. Pelo menos entre meus colegas de jornal e de turma de jornalistas, só temos elogios a vc. E olha que te acompanho desde os tempos de Placar! hehe
Abraços do Bruno Rios

Unknown disse...

Joana, sou teu fã de forma incondicional e quem fica com esse preconceito com vc não tem nada na cabeça. A eles,o desprezo.
Um beijo
Sandro

Cristine Vigato Sepini disse...

Pura inveja de vc! Pura, pura .... mas praga de urubu n pega em beija-flor de de ombros e siga c sua vida... gente medíocre é assim mesmo faz isso é porq a vida é uma "mercadoria". Como se provocar no outro uma dor, um desconforto fará q a vida dele melhore! Aviso n melhora só aumenta o carma!!!

Anônimo disse...

Joana !
meu nome é Elizandra e moro no RS,e sou apaixonada por futebol ,esporte em si,além de AMA esporte eu sinto ele e não consigo contrala essa Paixão,o esporte entrou na minha Vida tipo como se não fosse convidado a partir dos meus 12 anos e não imaginava que iria me apaixona tanto pelo esporte e sinto-lo como se sente o Amor de uma pessoa querida na sua Vida. Mas as vezes penso em disistir de buscar meu Sonho exatamente por achar que possa ter algum tipo de preconceito,ou pensar que não mereço estar trabalhando como reporter como todos que existe no país.. chego a chorar quando penso assim pq o Esporte é minha Vida não consigo me imaginar em outra Profissão..
Estou sempre ligada no Canal Campeão assistindo todas as transmissões do Sportv e os programas esportivos porque adoro e pra fica mais informada e aprendeer mais sobre o Jornalismo Esportivoo ..
Abraaçoooo Joana .. to seguindo voce no Twitter ..

Toninho Simões disse...

Joanna, parabéns pela coragem e pelo discernimento do seu texto.
Infelizmente estamos vivendo numa época em que a hipocrisia reina absoluta.
Os valores estão totalmente invertidos, e infelizmente se dá mais valor em TER do que SER.
Você é uma excelente profissional, extremamente competente, simpática e alto astral.
Infelizmente o sucesso alheio incomoda principalmente àqueles que não conseguiram galgar posições por merecimento, e sim por indicações.
Jamais se cale diante disso, pois, para que esses pseudo-profissionais vençam, basta apenas que os verdadeiros se calem ou cruzem os braços.
Sou um fã, e agora mais do que nunca, sou um admirador incondicional!
Força menina! Siga seus instintos, siga suas convicções e principalmente siga o seu coração.
Beijo no seu coração e mais uma vez, parabéns! Este foi apenas o pontapé inicial desse jogo! Tomara que no restante sobressaiam os verdadeiros profissionais e também a inteligência, a competência.