Qual seria o segredo para pregar os olhos do leitor em uma matéria?
Enchê-lo de informação ou preenchê-lo com idéias e sensações que provoquem uma reflexão mais espontânea?
Será que o jornalismo já se perguntou do que os consumidores de letrinhas mais precisam ou querem simplesmente? Carlos Heitor Cony, por exemplo, talvez tenha se assombrado com o número de correspondências que recebeu a respeito de sua coluna no jornal Folha de S. Paulo. A maior parte dos leitores interessa-se mais sobre artigos de cunho subjetivo. Ou seja, suas articulações diretas sobre qualquer tema de destaque na mídia servem frequentemente para forrar gaiola.
Ao articulista, a pergunta que não cala: o que fazer para escrever "para o leitor"?
O primeiro ponto a ser considerado é que as pessoas preferem ler o que entendem. E se não entender, pelo menos querem entender e o texto não pode dificultar isso, claro. Quantas vezes você já parou de ler alguma coisa por conta de um vocabulário cheio de rococó? Um texto inchado de informações não estimula.
Para entender melhor, podemos citar a célebre observação do fundador do LE FIGARO, uma das mais importantes publicações francesas. H. Villemessant disse que escrevia "para seus leitores". Bravo, eis a fórmula do capitalismo, afinal, a quem um jornal deve agradar no final de todas as contas? A informação é, sim, um "mal" necessário, mas as pessoas prezam muito mais a dança narrativa, que quase sempre se opõe a um texto analítico. Estaria, então, o jornalismo paralítico?
O conceito de jornalismo confeitaria ainda faz sucesso?
A linguagem é capaz de instaurar uma realidade particular, a que o leitor quiser. Além disso, aqui vai mais uma pergunta. A informação possui utilidade, identificação? Se a resposta for não, se aquela pessoa estiver de cara com um texto que não faz parte de sua realidade, porque ela iria parar para ler um artigo sobre a crise na agricultura da Tanzânia?
O surpreendente, como bem observou Walter Benjamin, é raro, mesmo envolto em uma nuvem de notícias. Tudo o que está a serviço da informação, a narrativa, a historinha, a crônica, e tantos outros gêneros.... Leitura tem que ser prazer, não pode virar tortura chinesa.
O leitor quer asas.
Ele mesmo quer interpretar as situações, até mesmo fatos, por vezes até lançando mão de um repertório do seu próprio imaginário. Um pedido talvez por uma alienação consciente. Mas nada mais é do que um esforço humano para manter a rede da comunicação.