Eu sempre tive muito, mas muito orgulho mesmo, da minha profissão.
Repórter.
Caí no esporte por acaso, mas foi uma paixão incontrolável. Estudei jornalismo na Cásper Libero, lá tinha A Gazeta Esportiva... E não é que deu certo?
O começo foi muito difícil. É complicado às vezes competir com colegas que nasceram praticamente chutando uma bola. Eu estava com as minhas bonecas nessa hora. Quando era criança, futebol pra mim era a seleção brasileira (Eu amava o Taffarel) e o meu time de coração. E só.
Depois fui passando a gostar do esporte como um todo. E, mesmo não sendo são-paulina, acordei de madrugada para ver os títulos mundiais do São Paulo. Lembro do 'olho roxo' do Zetti... rs.
O tempo passou. Passou rápido. Em 2009 completo 10 anos de profissão, de quadras e gramados. E percebo que, por mais que eu fale que não há diferenças entre homens e mulheres nessa área, tem uma coisa que não muda: o preconceito.
E, pasmem. Não estou falando de jogadores ou técnicos, não. É óbvio que, em 10 anos, já tomei cantada de jogador e tal, mas foram tão poucas e bobas que eu nem considero. Felizmente jamais faltaram com o respeito comigo. E mesmo quem me cantou, hoje me respeita e muito.
Sabe de onde vem o problema MESMO? Dos próprios colegas de trabalho. Se tem repórter que sai com jogador, eu não sei, não quero saber. Deve haver. Mas por que a mania de inventar tanta coisa pelo simples fato de eu ter nascido mulher?
É impressionante. Se eu faço uma entrevista com um jogador bacana, pronto, é porque estou saindo com ele. Se um técnico me liga para passar alguma informação, pronto, é porque estou saindo com ele também. Se eu fosse homem será que falariam alguma coisa? Provavelmente, não. Se eu fosse homem eu seria um bom repórter. Mas como sou MULHER, eu não sou,não tenho méritos. Aliás,tenho... mas aí seriam outros méritos... Afinal, eu só consigo as coisas porque tenho cabelo loiro e manequim 38. Não preciso de cérebro.
Desculpem o desabafo... É que estou meio farta disso. Já pensei em desistir tantas vezes.
Certa vez eu arremessei longe a minha toalha. Fui trabalhar em dois restaurantes. Passei um ano só escrevendo na Placar, por puro hobbie. Mas eu sempe acabo voltando... Porque paixão, é como eu falei. Provoca abstinência quando não é compensada.
O ser humano deveria aprender a respeitar o outros. Aprender a não falar sem saber. Aprender a conhecer as pessoas... Aprender que, sim, é possível ser mulher e boa repórter, meus amigos. É possível desenvolver fontes e amizade sem que eles queiram necessariamnte algo a mais. É possível. Sabe por quê? Porque o ser humano tem outras belezas que provavemente você, este tipo de pessoa que dissemina boatos sem sentido, não tem, infelizmente. Mas calma, ainda há tempo, você pode se tornar uma pessoa melhor, eu acredito. Faz que nem o Obama... YES, YOU CAN.
Outro dia eu dei uma entrevista para a prima de uma colega lá da Globo, a Amanda, que está fazendo um TCC sobre MULHERES NO ESPORTE. Na pergunta sobre preconceito, eu respondi que havia melhorado. Mas Amanda.... Acho que me enganei. Comigo pelo menos isso não muda.
Eu passei pelo menos uns 7 anos sem este tipo de problema. Agora, nos últimos três, um avalanche de fofoca, acusações, sacanagens... Que preguiça que eu tenho do ser humano.
Já chorei muito por causa disso... Mas eu aprendi que o mais importante é ter a consciência tranquila, e eu tenho. Fatos e boatos sempre existirão. Está na natureza de algumas pessoas. Mas o que vale, o que vale mesmo, é o que você pensa de você mesmo.
E por esse motivo que eu estou bem pra caramba....