quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O travesseiro do Richarlyson

Desde que o mundo é mundo, o ser humano é movido pela curiosidade. Os detalhes tão pequenos de nós dois e as mentiras sinceras sempre interessam a alguém. Todo mundo critica a revista Caras, fala que é coisa de acéfalo, mas estica o pescoço quando vê alguém lendo. Toda mulher quer ver se a Luciana Gimenez tem celulite, isso é fato consumado.
O Big Brother acrescenta algo na vida de alguém? Não. É entretenimento. Mas é uma das maiores audiências da Globo. É visto pelas pessoas mais simples aos intelectualóides. É feito para divertir, não para criar conceitos. Quando se deseja isso, é melhor comprar a Carta Capital.
Estou desabafando porque escrevi duas notas sobre o Richarlyson no último mês que me deram certa dor de cabeça. A primeira delas, uma foto, na realidade, em que o jogador aparece estudando com um colega de classe. Viram tanta maldade na imagem que sério, nem em meus mais profundos pensamentos eu poderia subtrair algo tão maldoso. Agora, uma outra matéria em que o volante está com seu travesseiro surge para gerar mais confusão.
Eu recebi um monte de mensagens me pedindo "cautela" ao escrever algo sobre o Richarlyson, que se fosse o Miranda não teria problema. É engraçado isso. Porque, se eu realmente precisar ter "cautela" é porque sou preconceituosa com ele. E isso eu não sou. Para mim, ele é um jogador como qualquer outro e merece respeito. Acho interessante porque a torcida faz o demônio com ele e depois cobra esse tipo de "cautela".
Vi o relatório de audiência outro dia e a matéria mais acessada era uma que falava sobre a celulite da Claire, do Heroes. No mesmo dia, uma das mais vistas na área DE ESPORTE foi a galeria de fotos da musa do São Paulo Karina Bacchi. Na parte "séria" do Globo.com, o G1, a maior mandioca do mundo também arrebanhou muitos internautas.
Todos esses textos são pequenas curiosidades, bobagens, um molhinho do dia a dia do jornalismo. Servem para divertir, afinal de contas o jornalismo não é feito só de análises do PIB. Mesmo no esporte, somos o terceiro olho do torcedores, e gostaríamos de informar a ele não apenas a escalação do próximo domingo como também os bastidores, que dificilmente eles teriam acesso. O travesseiro do Richarlyson era apenas um detalhe, daqueles que a gente gosta de saber, que nos aproxima do dia a dia do clube, que nos confere intimidade. Assim como o nosso próprio travesseiro.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Mulheres com saco?

Eu trabalho com futebol. Isso faz de mim uma mulher diferente, sei disso. A minha profissão acaba endurecendo algumas facetas da personalidade feminina. Não que eu seja uma grossa completa. Eu até sou delicada. Mas acontece que outras qualidades superam as perfumarias costumeiras de toda mulher. E quando eu digo qualidade, não me refiro exatamente a algo elogioso e, sim, a uma característica. Sou objetiva, tenho poucas frescuras e, sim, tomo a iniciativa para chamar o garçom, seja para fazer o pedido, trocar o sabor do suco, ou para pagar a conta. Isso não faz de mim uma sem-ovário, faz?

O que isso tem demais, meu Deus do céu? Jesus amado! O que isso pode ameçar alguém, me responda?Se eu não mencionasse que sei de trás para a frente a escalação do São Paulo, eu poderia ser mais mulher que alguma outra que sabe de cor e saltteado a seleção dos melhores cremes para pés de galinha?

Estou tão cansada de ser diferente. Mas eu gosto tanto! Eu sei explicar o que é impedimento mas também já li a respeito do ácido retinóico e seus benefícios para a epiderme.

Eu já ouvi de um ex-namorado que, já que quero ser jornalista, deveria escrever algo "mais feminino". Para ser mulher, só se eu fosse repórter da Marie Claire! Ah sim, porque a revista Nova ele considera um guia prático para prostituas modernas. Esse mesmo ex não gostava de me ver conversando com os amigos dele sobre o Corinthians ou, pior: era comum que eu os vencesse em uma disputa de Winning Eleven.

Existe tanto preconceito na nossa profissão, tanta desconfiança, tanta... E é tão engraçado isso. Eu, por exemplo, era a única que sentia cólicas mentruais durante a coletiva do Dunga.E era real, cara. Umas duas vezes por dia eu tinha que correr ao banheiro com um OB escondido na mão.
Dei um toque feminino ao banheiro da Granja Comary e levei até um sabonete hidratante.

Enfim, viva as mulheres e a higiene das mãos!
Mulher com saco? Só se for saco cheio...